Ao longo da semana que se passou, estive envolta em outras atividades que tomaram grande parte do meu tempo disponível, impossibilitando-me de redigir um texto nos padrões que venho mantendo até então; por isso optei por não editar nenhum trabalho neste período.
O gênero ficção científica já fazia sucesso muito antes de Méliès reproduzir nas telas uma adaptação da obra de Julio Verne; no entanto, o clássico Viagem à Lua abriu as portas para que outros diretores produzissem obras fantásticas e cheias de efeitos visuais. Alguns filmes são citados até hoje como verdadeiros ícones do gênero, tais como Metropolis, Blade Runner, a quadrilogia Alien e 2001- Uma Odisséia no Espaço. Hoje, no entanto, abordarei uma obra pouco conhecida, mas que traz no seu enredo algo que nos faz pensar nas alternativas de um mundo pós guerra.
Em 1936, o produtor Alexander Korda sob a direção de William Cameron Menzies trouxe as telas o filme Things to Come (Daqui a Cem Anos). A história começa na cidade de Everytown na véspera de natal do ano de 1940, quando John Cabal (Raymond Massey) conversa com o Dr. Harding (Maurice Braddell) e Pippa Passworthy (Edward Chapman) sobre uma possível guerra assolar o país. Mesmo com o otimismo dos amigos e parentes e a descrença da população, a Segunda Guerra Mundial estoura e dura mais de 20 anos, deixando a terra num estado desolador. Em meados da década de 60, a nova geração se vê obrigada a recomeçar do zero, sem qualquer tipo de tecnologia; contando apenas com Rudolf,o chefe (Ralph Richardson).
Em meio aos destroços e às ordens do novo líder, a população é surpreendida com a presença do, agora aviador, John Cabal. A partir daí, um novo grupo, com novos príncipios se forma. Indo de 1940 a 2036, o filme aborda de forma inteligente e imaginativa os temores e as expectativas de uma nação em busca de paz e harmonia.
Bastidores: Produção e curiosidades - Um filme premonitório
Para o personagem Theotocopulos, inicialmente foi selecionado o ator Ernest Thesiger, porém, insatisfeito com seu desempenho, o roteirista H.G. Wells optou por substituí-lo por Cedric Hardwicke; sendo necessário refazer todas as cenas já gravadas. Presume-se que Wells tenha tido controle total sobre a produção de Things to Come, porém sua influência não foi tão significativa, tanto que a versão original continha 130 minutos e após várias modificações e cortes, foi lançado com 108 minutos.
Outra questão que evidencia esse fato, ficou por conta da ideia original de Wells de constituir o filme à partir de uma trilha sonora pré-estabelecida; o que acabou não acontecendo. A cidade de Everytown foi baseada em Londres, inclusive, em determinada cena pode-se visualizar a St Paul's Cathedral (Catedral de São Paulo). O filme escrito em 1934 era uma previsão trágica para a Segunda Guerra Mundial, e as cenas onde se usava bombas de gás trouxe muito temor com a possibilidade dos alemães adotarem a mesma tática durante a guerra. O escritor e estudioso britânico Sir Christopher Frayling chama Things to Come "um marco no projeto cinematográfico", sendo considerado pela crítica como a primeira superprodução no gênero ficção científica do cinema mundial. Things to Come foi classificado como um dos melhores filmes britânicos de 1936.
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